segunda-feira, setembro 19, 2011

Diálogo entre Colbert e Mazarin, durante o reinado de Luis XIV


Eis a dura realidade da classe média ! Já se passaram quase 511 anos, e a espoliação em cima da classe média continua atualíssima.
"A classe média é o pó da sociedade. Está flutuando, não está em cima e nem embaixo..."
 (Leon Trotsky).
                                         
       Diálogo entre Colbert e Mazarin durante o reinado de Luís XIV.
PERSONAGENS:
Jean Baptiste Colbert > ministro de estado de Luis XIV.
(Reims, 29 de Agosto de 1619 – Paris, 06 de Setembro de 1683)
 Jules Mazarin > nascido na Itália, foi cardeal e primeiro ministro da França.
(Pescina, 14 de julho de 1602 — 9 de março de 1661)

- Colbert: Para encontrar dinheiro, há um momento em que enganar (o contribuinte) já não
é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é que é
possível continuar a gastar, quando já se está endividado até ao pescoço...

- Mazarin: Se se é um simples mortal, claro está, quando se está coberto de dívidas, vai-se
parar à prisão. Mas o Estado... o Estado, esse, é diferente!!! Não se pode mandar o Estado
para a prisão. Então, ele continua a endividar-se...todos os Estados o fazem!

- Colbert: Ah, sim? O Senhor acha isso mesmo? Contudo, precisamos de dinheiro. E como
é que havemos de o obter se já criámos todos os impostos imagináveis?- Mazarin: Criam-se outros.

- Colbert: Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.

- Mazarin: Sim, é impossível.

- Colbert: E então...os ricos?

- Mazarin: Os ricos também não. Eles não gastariam mais. Um rico que gasta faz viver
centenas de pobres.
- Colbert: Então, como havemos de fazer?

- Mazarin:
Colbert! Tu pensas como um queijo, como um penico de um doente!
Há uma quantidade enorme de gente situada entre os ricos e os pobres: os que trabalham sonhando em vir a enriquecer e temendo ficarem pobres. É a esses que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Esses, quanto mais lhes tirarmos mais eles trabalharão para compensarem o que lhes tiramos.
É um reservatório inesgotável!
Extraído de “Diálogos de Estado”

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