O Zé morreu. Desencarnou.
Esticou as canelinhas magras e abotoou o paletó doado por uma vizinha, 3 números maior.
Deixou a dimensão material deste planeta denso e de provas.
E não vai ser canonizado. Nem virar um mártir.
Refiro-me ao Zé brasileiro, SUSdependente.
Ele não teve avião da FAB para levá-lo aos EEUU pela manhã para exames de rotina e tratamentos experimentais e trazê-lo à tarde.
Sequer tinha uma ambulância superfaturada ou sucateada (tanto faz).
Ia de busão (seu Mercedes Benz, como dizia) para a unidade de saúde mais perto do cafundó onde se escondia.
Não tinha médico bem pago e de hospital caro aguardando-o com uma equipe super bem preparada às portas do helicóptero.
Ficava até 4 horas na fila, sentadinho, enrustindo a dor.
E isto quando a visita era "agendada".
O Zé não conseguiu nem mesmo a primeira cirurgia, marcada para daqui a alguns meses,
se houvesse vaga e médico disponível...
O Zé brasileiro se foi e não haverá luto oficial de 7 dias.
A rede Glóbulo e congêneres comprometidas e BNDESdependentes não dedicarão um segundo sequer do exaustivo noticiário e plantões que passaremos a enfrentar a partir de agora, ao seu óbito e muito menos à sua vida.
Seu velório talvez possa ser debaixo de algum viaduto importante, sob a bandeira envergonhada do timão do imperador Adriano.
Desejo ardentemente, Zé brasileiro, que, ao menos lá nos confins dos céus todos sejam realmente iguais perante as leis de Deus.
Você sim, Zé Brasileiro, foi um guerreiro!
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