*Eduardo de Medeiros
É próprio do ser humano querer ultrapassar barreiras, desejar aumento de conquistas.
O capitalista quer aumentar sua riqueza.
O político quer aumentar seu poder.
O político quer aumentar seu poder.
O religioso quer conquistar mais fiéis.
O burocrata quer orçamento maior para sua repartição.
O preguiçoso quer aumentar o seu ócio.
O viciado quer mais e mais de seu veneno.
Talvez há milênios, a humanidade, entendendo que essa característica a levaria rapidamente
à extinção, criou os códigos de conduta. Hoje, o Brasil vive um debate quase discreto em
termos de timbre de manifestações. Avalia-se serenamente o quanto é grave o crime de
corrupção. Se pensarmos nas pessoas deste País que estão sofrendo ou morrendo em
corredores de hospitais sem receber socorro, ou em vítimas de crack sendo assassinadas
por seus próprios pais em desespero, talvez fique evidente. Classificar como hediondo o
crime de desvio de recursos públicos que poderiam ser usados contra esses e outros tipos
de sofrimento, não é destituído de lógica.
Mais evidente ainda se quem morre em sofrimento é nosso familiar. Suponha-se que a
corrupção no Brasil tivesse nascido há pouco. Quem com ela obtivesse ganhos iria querer
mais. Quem observasse os ganhos do vizinho com ela, iria querer também.
E se não estivesse ali o código de conduta, nada impediria a disseminação destruidora do
crime público. Não é impossível pensar que, no estágio em que estamos, muitos cidadãos
até agora honestos se questionem a respeito das vantagens de se tornarem corruptores ou
corruptos. Afinal, a vizinhança corrupta dá sinais de ser maioria. Só que, no campo individual,
a prática pode se transformar de pública em social, e o roubo, a traição, o engano, o
abandono, a falsidade, o desserviço, o assassinato podem se tornar nossos valores morais.
Eu não quero isso. Nem para mim nem para os meus netos.
Corrupção, para mim, é crime hediondo.
*Engenheiro civil, especialista em gestão e políticas públicas
*Engenheiro civil, especialista em gestão e políticas públicas
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