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Ainda sem nenhum condenado no Mensalão ter sido realmente punido de forma exemplar, o Ministério Público Federal tem tudo para abrir uma investigação sobre uma nova modalidade mensaleira: o esquema que banca viagens aéreas de políticos – geralmente pago por empreiteiras que fecham contratos com os governos da União e dos 27 Estados. As notícias sobre viagens nacionais e internacionais feitas pelo ex-presidente Lula da Silva, em jatinhos alugados ou pertencentes a grandes construtoras, chamou a atenção do MPF.
O Mensalão aéreo é muito fácil de ser constatado. O MPF só precisa acionar a Polícia Federal, a inteligência da FAB e a Anac para identificar, clara e facilmente, quem são os beneficiados pelo esquema. Uma apuração preliminar já verificou que pelo menos três grandes empreiteiras estão gastando, por mês, cada uma, uma média de US$ 3 milhões com o custo do táxi aéreo para políticos, seus familiares ou amigos viajarem de graça na mordomia de jatinhos indiretamente custeados com o dinheiro público pago em contratos com “gordurinhas” (ou superfaturados, em uma linguagem bem clara).
Vazou ao MPF algumas características do serviço aéreo prestado ao ex-Presidente Lula – que nunca viaja em avião de carreira, comercial. A carona dada a Lula exige cuidados especiais. Os jatinhos com ele precisam de uma equipe médica, com enfermeiro, e equipamento especial para respiração. O pessoal de bordo tem ordens para pouco se aproximar dele – que geralmente fica em assento não observado pela maioria dos tripulantes. Lula faz um rodízio no uso das aeronaves de diferentes empreiteiras, para não dar muito na pinta. Mas nada escapa da FAB ou da Anac – e acaba vazando para o MPF.
Nas viagens para fora do Brasil – segundo um dos relatos feitos ao MPF -, Lula comumente transporta grande quantidade de bagagem. São 6 ou 7 malas grandes, lacradas. Em geral, tal bagagem nem retorna ao Brasil. Quando precisa transportar algo mais importante, apela para as mordomias do cargo que ocupou. O material dele volta como “bagagem diplomática” que não passa por qualquer inspeção alfandegária. O que ele leva e trás de tão importante só ele mesmo sabe. Familiares dele fazem muitas viagens a Paris – onde Lula teria um imóvel na mesma rua e prédio do falecido presidente venezuelano Hugo Chávez.
O MPF recebeu a informação de que Lula e seus familiares são usuários frequentes dos favores aéreos das empreiteiras. Também pegam carona nas aeronaves dirigentes do PT e PMDB. Destaque para José Dirceu de Oliveira e Silva – condenado no Mensalão – que faz deslocamentos para onde quer e precisa. Outra grande beneficiada pelos voos é Rosemary Nóvoa Noronha – amiga pessoal de Lula e ex-chefe de gabinete do escritório da Presidência da República em São Paulo. Rose faz até viagens ao exterior, mesmo sendo investigada pela Operação Porto Seguro – que anda judicialmente tão rápida quanto a velocidade do embarque e desembarque de mercadorias nos principais terminais portuários do Brasil.
O MPF já recebeu informes de que pelo menos três grandes empresas colocam à disposição das cúpulas do PT e do PMDB quatro ou cinco aviões para deslocamentos pessoais dos políticos ou de seus parentes. Algumas empreiteiras ou prestadoras de serviços, por questão de “racionalidade com tais despesas”, foram obrigadas a constituir empresas subsidiárias de táxi aéreo. Outras, para tentar disfarçar o esquema, preferem apelar para terceirizações. O valor nem sai caro para as empresas, mas dá muito trabalho para alguns de seus dirigentes ou assessores – obrigados a ficarem de “babá” de políticos ou de familiares deles.
Como o Mensalão Aéreo envolve grandes interesses – e até políticos da oposição ao governo se beneficiam do mesmo esquema de caronas em jatinhos -, o caso tem tudo para não passar das investigações internas preliminares, terminando em mais um exemplo de impunidade nas relações promíscuas realizadas no seio do Governo do Crime Organizado no Brasil.
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