Nos últimos cinco anos, despesa cresceu, em média, dois pontos percentuais a mais do que as receitas
16/01/2015 | 04h02
O arroz de carreteiro e o sagu com creme servidos no Galpão Crioulo do Palácio Piratini, ao meio-dia desta quinta-feira, foram indigestos para os deputados e líderes de partidos aliados convidados pelo governador José Ivo Sartori para ouvir um diagnóstico sobre a situação financeira do Estado. Os números levantados pela consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC), contratada pelo Movimento Brasil Competitivo, são de tirar a fome de quem terá de administrar o Estado e dos deputados que precisarão defender as medidas duras a serem adotadas neste e nos próximos anos. O mais assustador deles é o do déficit previsto para este ano: R$ 7,1 bilhões.
O número choca porque é bem superior ao apurado pela equipe de transição, que estimava o déficit em R$ 5,4 bilhões. Os consultores se vacinaram para possíveis variações, esclarecendo que trabalharam com dados de fontes públicas, até 31 de outubro, e estimativas sobre o fechamento do ano. Os dados da Fazenda são mais realistas, porque contabilizam o Refis e um empréstimo de R$ 1,1 bilhão que entrou no final do ano.
Algumas conclusões são semelhantes às do economista Darcy Carvalho dos Santos, que há meses vem advertindo que no orçamento de 2015 a receita está superestimada e despesa subestimada. No executado de 2014, a receita ficou 5,7% abaixo do previsto e a despesa ultrapassou o estimado em 5,2%. .
Recuando no tempo, a consultoria concluiu que de 2009 a 2014 a receita aumentou em média 11,3% ao ano e a despesa cresceu 13,6%. O mais preocupante, segundo deputados que participaram do almoço, é o esgotamento das fontes de financiamento do déficit. Numa perspectiva otimista, o decreto de contenção de despesas, assinado por Sartori no primeiro dia útil de governo, deve resultar numa economia de R$ 600 milhões no ano. Esse valor equivale a 10 dias do salário de ativos e inativos.
Deputados de diferentes partidos elogiaram a iniciativa de compartilhar as informações, mas cobraram do governo uma estratégia de comunicação para mostrar a situação em que recebeu o Estado. Sartori prometeu dar transparência aos números, "com responsabilidade e sem olhar para trás". A apresentação deve ser feita até o final de janeiro.
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