terça-feira, setembro 29, 2015

O aglutinador

A decisão do STF de fatiar a Lava Jato, segundo o Valor, "contou com um operador discreto e eficiente: o advogado Nelson Jobim".
Ministro de Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff, ele desempenha o papel de "aglutinador entre ministros do STF, criminalistas e políticos".
Seu primo, Atan Barbosa, preso em flagrante pela Lava Jato, foi acusado de ser um aglutinador de propinas da construtora Iesa a Pedro Barusco.


segunda-feira, setembro 28, 2015

Advogados já preparam corrida ao Supremo para novos fatiamentos da Lava Jato

Criminalistas que defendem políticos, empresários, petistas e ex-dirigentes da Petrobrás vão esperar a publicação do acórdão que tirou da tutela do juiz Sérgio Moro parte da investigação para pedir novos desmembramentos.

Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, Fausto Macedo e Mateus Coutinho
Alguns dos principais advogados criminalistas do País que atuam na defesa de alvos da Lava Jato esperam apenas a publicação do acórdão do Supremo Tribunal Federal que irá estabelecer o exato alcance e as circunstâncias do fatiamento da operação que levou para a prisão quadros históricos do PT, doleiros, empreiteiros e ex-dirigentes da Petrobrás e colocou no banco dos réus da Corte máxima deputados e senadores.
“A decisão do STF vem na mesma linha daquilo que já vínhamos sustentando, disse o criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB), o ex-ministro Edison Lobão (Minas e Energia) e os senadores Romero Jucá (PMDB/RR) e Ciro Nogueira (PP/PI).
Advogados j preparam corrida ao Supremo para novos fatiamentos da Lava Jato
Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, é advogado da ex-governadora Roseana Sarney
Ainda no início da Lava Jato, Kakay conseguiu o que parecia impossível àquela altura das investigações – acolhendo sua argumentação, o Superior Tribunal de Justiça remeteu para o primeiro grau da Justiça do Maranhão a investigação que cita Roseana no caso do precatório milionário da empreiteira UTC – o dinheiro quase foi liberado por influência do doleiro Alberto Youssef, um dos delatores da Lava Jato, que teria corrompido o chefe da Casa Civil da peemedebista, João Abreu.
“O juiz Sérgio Moro havia encaminhado os autos ao STJ, mas ponderei que Roseana não é mais governadora, portanto a competência para o caso não era mesmo do STJ. O ministro Luís Felipe Salomão acolheu nossa argumentação. Foi a primeira decisão no sentido de que a competência tinha que ser deslocada para o Maranhão porque o episódio não tem nenhuma ligação com a Lava Jato”, destacou o criminalista.
Na avaliação de Kakay, a decisão do Supremo Tribunal Federal ‘consolida importantíssimo entendimento já tomado pelo STJ’.
“A grande vantagem dessa decisão (do Supremo) é que ela resgata o juiz natural e impede nulidades futuras”, disse o advogado. “Boa parte dos autos que estão em Curitiba (base da Lava Jato) não tem que estar lá. O Código de Processo Penal é nacional, não existe um Código de Processo Penal do Paraná. O ministro Dias Toffoli (STF) foi muito feliz ao dizer que a concentração de todas as investigações na Justiça Federal do Paraná significa dizer que os juízes federais do Brasil inteiro não têm crédito. É óbvio que muita coisa não deveria estar no Paraná.”
O advogado disse que no caso em que o senador Ciro Nogueira é citado não existe nenhuma conexão com Lava Jato. “Estou com a petição pronta. Qual o link, a conexão que pode haver do caso do senador Ciro com a Lava Jato? O Ricardo Pessoa (empreiteiro da UTC e delator) disse sobre um contrato com um empresário para repassar dinheiro para o Ciro. O Ciro me disse que nunca teve contato com esse empresário. Bastava a Polícia Federal ter pedido a quebra do sigilo dos dados telefônicos. Eles (Ciro e o empresário) nnca se falaram! Fiz uma petição, Ciro Nogueira não tem nenhuma relação com o caso Petrobrás. Essa investigação não pode ser dada como um braço da Lava Jato. A questão é o cumprimento da legislação.”
Advogados j preparam corrida ao Supremo para novos fatiamentos da Lava Jato
O criminalista Pierpaolo Bottini.
O advogado Pierpaolo Bottini, que defende o deputado Arthur Lira (PP/AL), revelou seus próximos passos. “Vamos analisar (o acórdão) para decidirmos se pediremos ou não a redistribuição”, declarou Pierpaolo Bottini, defensor do deputado Arthur LIra (PP/AL), de quem a Polícia Federal recomendou o afastamento do mandato. “Preciso ver se meu caso se encaixa ou não nos termos da decisão do Supremo.”
Bottini observa que a Lava Jato faz ‘uma menção muito tênue’ ao parlamentar e ao esquema de propinas instalado na Petrobrás entre 2004 e 2014. Segundo a PF, o deputado e seu pai, o senador Benedito Lira (PP/AL) teriam recebido ‘vantagens indevidas’ no decorrer de obras tocadas pela Petrobrás por meio de doação oficial de campanha e pagamento de dívidas eleitorais. Três delatores da Lava Jato -Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal, Ricardo Pessoa, empreiteiro, e Alberto Youssef, doleiro – contaram pai e filho ‘recebiam quantias periódicas indevidas, oriundas do pagamento de propinas por empresas que tinham contratos com a Petrobrás’.
Outros advogados ouvidos pela reportagem são taxativos ao dizerem que ‘quem tiver essa oportunidade vai tirar o caso das mãos do juiz Sérgio Moro’. Nesses casos em que os alvos têm foro privilegiado, os autos serão redistribuídos na própria Corte, para outro ministro, saindo das mãos de Teori Zavascki. OS advogados trabalham com a hipótese que os investigados sem prerrogativa de foro poderiam ficar atrelados aos autos referentes aos detentores de foro privilegiado, ou seja, na própria Corte máxima.
Advogados j preparam corrida ao Supremo para novos fatiamentos da Lava Jato
Dr. Luiz Flávio Borges D’Urso.
O advogado Luiz Flávio Borges D’Urso, que defende o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto – preso desde 15 de abril -, afirmou que já vem sustentando a incompetência do juiz Sérgio Moro ‘desde o início das investigações’. “A competência, fundamentalmente, tem que ser territorial, pelo que vemos a Lava Jato tem uma série de situações no Rio, outras em São Paulo. Não há razão para que tudo fique concentrado no Paraná. Até agora nossa tese não teve sucesso, mas com a decisão do Supremo abre-se um caminho.”
Vaccari foi condenado esta semana pelo juiz federal Sérgio Moro a 15 anos de prisão, por corrupção e lavagem de dinheiro. “Mesmo condenado em primeira instância, cabe recurso de apelação e nele vou insistir que a competência para o caso não é do juiz de Curitiba”, disse o advogado.
Para o criminalista, a consequência será a anulação do processo inteiro, porque conduzido por juiz incompetente. “Sempre que tem um juiz incompetente, seja em razão da matéria, seja em razão do local onde aconteceram os fatos, se ele é incompetente tudo o que foi feito, em tese, é nulo. Recomeça tudo no juízo competente.”
D’Urso entende que a competência para o caso Vaccari é em São Paulo. “As acusações que dizem respeito a ele (Vaccari). No tocante à situação de receber alguma coisa (propinas), os delatores têm imputado basicamnete que os fatos se deram em São Paulo.
Publicado por Camila Vaz
Fonte: Estadão

quarta-feira, setembro 23, 2015

Cidadão Petista


Gente, tai uma solução prática, inteligente, que não é minha, mas apoio em número e gênero!


Prezados governantes do nosso Brasil, tenho a solução para o déficit de R$ 30 bi do orçamento. Solução simples, que não vai aumentar alíquotas dos tributos, nem nos obrigar a ver de novo a CPMF e o melhor, tudo isso ocorrerá com a ajuda do povo.


Basta pegar o valor do rombo nas contas do governo e dividir pelos eleitores que votaram no PT... assim:


R$ 30.000.000.000 / 54.501.118 de eleitores = R$ 550,45.
Plano em 12 meses: R$ 45,87 direto no boleto
Plano em 24  meses: R$ 22,93 direto no boleto
Plano em 36 meses:  R$ 15,29 direto no boleto.


Vamos lá, petistas, ajudem quem vocês elegeram a sair dessa enrascada!


Pague sua parte na gastança do governo e seja verdadeiramente um
 CIDADÃO PETISTA!


sexta-feira, setembro 18, 2015

Campanhas de Dilma e Lula serão investigadas na Justiça Federal do Paraná

O STF SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, PELO MINISTRO TEORI ZAVASCKI, ACABA DE DESIGNAR O JUIZ SÉRGIO MORO, EM CURITIBA, PARA INVESTIGAR  LULA E  DILMA, conforme acaba de publicar o jornal "O GLOBO"!

CAMPANHAS DE DILMA E LULA SERÃO INVESTIGADAS NA JUSTIÇA FEDERAL DO PARANÁ   -   MINISTRO DO STF DECIDIU ENCAMINHAR PARA O JUIZ SÉRGIO MORO DOCUMENTOS COM INDÍCIOS DE ARRECADAÇÃO ILEGAL  

BRASÍLIA (06/09/15)– O inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência, Edinho Silva, não será a única frente de apuração de supostas irregularidades nas campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff. O ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava-Jato no tribunal, já decidiu encaminhar para o juiz Sérgio Moro, em Curitiba, documentos que apontam suspeitas de arrecadação ilegal por parte das coordenações das campanhas de Lula em 2006 e de Dilma em 2010. Edinho foi o tesoureiro em 2014 e, por ser ministro, tem foro privilegiado junto ao STF.

Entre os citados que poderão ser investigados em novos inquéritos na primeira instância da Justiça Federal estão o ex-deputado e ex-secretário de Saúde da Prefeitura de São Paulo José de Filippi Júnior e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, segundo fontes com acesso às investigações. Filippi foi tesoureiro da campanha de Lula à reeleição em 2006 e da campanha de Dilma em 2010. Vaccari só deixou a Secretaria de Finanças do PT após ser preso na Operação Lava-Jato, em abril deste ano. Os dois foram citados em depoimentos prestados na delação premiada do dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa.

Segundo Pessoa, a campanha de Lula em 2006 contou com repasses de dinheiro em espécie, sem registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O dinheiro seria proveniente de um consórcio com obras no exterior, integrado pela UTC. A entrega foi feita no comitê da campanha, conforme o empreiteiro. Pessoa também relatou entregas de dinheiro a pedido de Vaccari.

O GLOBO apurou que a força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) em Curitiba já foi avisada sobre o compartilhamento da delação do dono da UTC, em que o empreiteiro detalha supostas irregularidades nas campanhas petistas. A expectativa dos investigadores no Paraná é receber esses depoimentos até a próxima quarta-feira. Os casos serão analisados individualmente e poderão resultar em inquéritos diferentes.
O ex-ministro Antonio Palocci já é investigado em inquérito na primeira instância por conta de suspeitas de arrecadação ilegal na campanha de Dilma em 2010, delatada pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. O encaminhamento das acusações à Justiça Federal no Paraná também foi feito por Teori, na primeira leva de inquéritos judiciais abertos na Lava-Jato, em março deste ano.

Costa declarou que recebeu um pedido do doleiro Alberto Youssef e que autorizou o uso de R$ 2 milhões destinados ao PP, desviados de contratos da estatal, na campanha de Dilma. O pedido teria partido de Palocci, conforme a delação de Costa. Youssef desmentiu o depoimento do ex-diretor. Mesmo assim, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, entendeu que “a suposta solicitação da vantagem deve ser apurada em relação a quem a teria feito”. O inquérito está em andamento em Curitiba. Dilma não foi alvo de investigação. Janot alegou “vedação constitucional” para analisar o caso, por ele ser anterior à sua gestão como presidente.

Na semana passada, a Polícia Federal concluiu as investigações contra dois políticos com foro privilegiado: os deputados Vander Loubet (PT-MS) e Nelson Meurer (PP-PR). Nos relatórios encaminhados ao STF, a PF concluiu que ao menos parte da propina recebida pelos dois, proveniente de contratos da Petrobras, foi transformada em doação eleitoral.
A PF chegou à mesma conclusão em relação às investigações contra o deputado Arthur Lira (PP-AL), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, e o senador Benedito de Lira (PP-AL), pai dele. No relatório enviado ao STF, a polícia afirma que Arthur Lira encontrou o doleiro Alberto Youssef “com a finalidade de solicitar o pagamento de dívidas de campanha e apanhar recursos em espécie, oriundos do esquema de corrupção da Petrobras”. Para a polícia, os parlamentares praticaram corrupção passiva, que é o recebimento de propina, e lavagem de dinheiro, configurada nas artimanhas para ocultar o primeiro crime.

No sábado, outros dois inquéritos foram abertos no STF para investigar supostas doações por caixa dois. São alvos o ministro da Casa Civil, Aloízio Mercadante, que disputou o governo de São Paulo em 2010, e o Senador Aloysio Nunes Ferreira (além, é obvio, do ministro Petista Edinho Silva).

(Pelos Jornalistas Vinicius Sassine e Carolina Brígido - 06/09/2015 )

Convocação e ameaça de invasão do Brasil por forças estrangeiras


quinta-feira, setembro 17, 2015

Dilma e o caos no Brasil

Para conferir e entender o caos no Brasil e na América Latina.
Assista este áudio com assuntos preocupantes.
 Após o audio, outros vão se sucedendo, automaticamente. É só aguardar terminar um e começa outro. 
      
      Heitor de Paola
      Médico - Rio  de Janeiro/RJ

Heitor De Paola: Dilma e o caos no Brasil

Clique na foto de Dilma e o Procurador Geral da República, Janot e surgirá o link, para acessar o áudio, qual seja:

RADIOVOX_ORG Pro Unlimited

quarta-feira, setembro 16, 2015

ODEBRECHT em sérios apuros


Desta vez a ODEBRECHT terá muitas dificuldades de escapar. 
E LULA VAI JUNTO.

VEJAM AS PROVAS ABAIXO: 

Documentos bancários enviados pela
Suíça comprovam que Odebrecht pagou propina a quatro ex-diretores da Petrobras.

Documentos bancários comprovam que a propina saía de contas controladas pela Odebrecht no PKB, conforme adiantado por ÉPOCA.

Os diretores que receberam propina: Paulo Roberto Costa, Jorge Zelada, Cerveró e Renato Duque, além de Barusco.

As contas controladas pela Odebrecht: Arcadex, Smith & Nash e Havinsur. 
Todas no PKB.

A Suíça também comprovou que a Construtora Del Sur, do Panamá, pela qual Youssef pagava propina, é controlada pela Odebrecht.

A Del Sur, uma empresa de fachada, era controlada pela Odebrecht por meio da Rodira da Golac Project and Construction, na Suíça.

Os extratos mostram o caminho da propina, do início (Odebrecht), passando pelo meio (offshores laranjas) ao fim (Dir da Petrobras).

Tudo que a Odebrecht negava está comprovado nos documentos da Suíça. 

As contas secretas da Odebrecht na Suíça eram abastecidas por três filiais da empresa: Venezuela, Angola, República Dominicana.

O que essas três filiais têm em comum? 
Dinheiro do BNDES para obras no exterior.


As provas da Suíça (oito partes)

Parte um: as offshore controladas pela Odebrecht. 
https://twitter.com/diegoescosteguy/status/624611503786758144/photo/1

Parte dois: os depósitos das contas secretas da Odebrecht para Paulo Roberto Costa. 
https://pbs.twimg.com/media/CKsRMrTUkAEzV12.jpg:large

Parte três: a offshore Arcadex, controlada pela Odebrecht; pagamentos a Duque e a Zelada. 
https://twitter.com/diegoescosteguy/status/624612411480248320/photo/1

Parte quatro: como a Odebrecht controlava a Construtora Del Sur para pagamentos de propina. 
https://twitter.com/diegoescosteguy/status/624612974041239552/photo/1

Parte cinco: as propinas da Constructora Del Sur aos diretores da Petrobras.
https://twitter.com/diegoescosteguy/status/624613371938107392/photo/1

Parte seis: uma das offshore da Odebrecht deposita mais propinas para diretores da Petrobras. 
https://twitter.com/diegoescosteguy/status/624613907856928769/photo/1

Parte sete: as offshore controladas pela Odebrecht são ligadas às subsidiárias do grupo. 
https://twitter.com/diegoescosteguy/status/624614218902323200/photo/1

Parte oito: a lista da propina. Origem - Odebrecht na Rep. Dominicana, em Angola e na Venezuela.
https://twitter.com/diegoescosteguy/status/624615851291848704/photo/1


As consequências penais desses documentos, para a Odebrecht, são gravíssimas - no Brasil, nos EUA, na Suíça e onde mais haja investigação.

As consequências financeiras, para a Odebrecht, são igualmente terríveis. Está perto de entrar nas listas negras dos credores internacionais.

Ou, a empresa muda sua estratégia de defesa e passa a colaborar, em todos os países - ou é difícil saber o que sobrará dela após esse furacão.

Se mantiver a linha de defesa, a Odebrecht tem todas as condições de virar um case negativo mundial nos estudos de corrupção corporativos.

Repassem para todos quantos puderem... está cada vez mais próximo de pormos o chefe da quadrilha na cadeia...
 

terça-feira, setembro 08, 2015

“Não tenho nada a dedurar” (diz M. Odebrecht)

Publicado por Luiz Flávio Gomes
Bem-vindos ao Diário Independente do nosso amável abismo chamado Brasil!
[No mundo da mafiocracia] “Uma mão lava a outra, até que surgiu a Lava-Jato para lavar as mãos sujas [de todos os capturados até aqui]” (Zuenir Ventura).
No tenho nada a dedurar diz M Odebrecht
1. Crise política (corrupção e antirrepublicanismo):
“Não tenho nada a dedurar” ou não quero (por deliberação própria) dedurar? São duas coisas bem diferentes.
Odebrecht diz que “não tem nada a dedurar”. Continua firme na primeira fase do gerenciamento de crises. A primeira reação (emotiva) é sempre negar qualquer envolvimento nosso naquilo que gerou danos a terceiros.
Com sua fala M. Odebrecht enaltece a lealdade. Por quê? Porque (embora presumido inocente) o conjunto de provas contra a Odebrecht (já) é bastante exuberante: a partir das delações premiadas já foram descobertas contas bancárias na Suíça, incontáveis confissões, provas documentais, acordos com o CADE que confirmam o cartel entre as empreiteiras etc. Se tudo isso ficar devidamente provado, M. Odebrecht vai ficar para a história como um dos maiores corruptores do país que deliberou não fazer delação para preservar os seus “valores” (isso, como disse Merval Pereira, é a “omertà” dos mafiosos).
A delação premiada é um instituto ético? O tema é muito polêmico. O juiz Sérgio Moro, em um artigo que escreveu sobre a Operação Mãos Limpas na Itália, fez o seguinte comentário: “(…) não se está traindo a pátria ou alguma espécie de “resistência francesa”; “um criminoso que confessa um crime e revela a participação de outros, embora movido por interesses próprios, colabora com a Justiça e com a aplicação das leis de um país. Se as leis forem justas e democráticas, não há como condenar moralmente a delação; é condenável nesse caso o silêncio” (citado por Merval Pereira, O Globo 2/9/15: 4).
Eugênio Bucci trouxe um forte argumento para legitimar a delação premiada: “Mesmo assim, há uma justificativa profunda para a delação premiada (desde que empregada sem abuso): ela quebra a falsa “ética” do crime (uma “ética” essencialmente antiética), que se resume à lealdade irracional entre bandidos [ela quebra, portanto, a lealdade entre os criminosos]. Essa lealdade se funda no medo, não na virtude. Não é por ser virtuoso que os criminosos não se delatam jamais – é por medo de morrer” [“A ética é a prática de refletir sobre o que vamos fazer o sobre os motivos pelos quais vamos fazê-los” – F. Savater].
“Os corruptos notórios que posam de heróis impolutos só porque “não entregam” ninguém não calam por virtude, mas por medo pusilânime. Nesse quadro, o que a “delação premiada” consegue fazer é dissolver essa “ética” do crime [essa lealdade]. Se o ladrão “leal” só é leal porque tem medo, nada mais ético do que levá-lo a colaborar com a Justiça democrática por uma motivação tão mesquinha quanto o medo: o interesse de ter a pena abrandada” (Época, 20/04/2015).
2. Nossas crises ao longo da História:
A tendência histórica à conciliação transformou o aparelho de Estado numa esfera onde os antigos vícios da gestão da coisa pública permaneceram petrificados. O entorno era modificado, mas a essência mantinha-se a mesma (Marco Antonio Villa,http://oglobo.globo.com/opiniao/o-velhoonovo-17364065#ixzz3kUXVeqMg). Nossa formação histórica constitui uma “herança maldita” da qual temos que nos livrar um dia.
3. Crise econômica e capitalismo selvagem:
“A ciência do País [por causa das dificuldades econômicas] vive pior crise em 20 anos” (Estadão 30/8/15: A21). Se se pode viver de superstições, mitologias, crenças metafísicas e misticismos, para quê ciência?
“Meu medo não é o Brasil virar Grécia, é virar uma grande Argentina” (Samuel Pessôa). Já são 60 anos de bobagens econômicas na Argentina: “los hermanos” teriam entrado no nosso horizonte de imitação? Deveríamos copiar a Coreia do Sul, não as nações com problemas profundos.
4. Crise social (desigualdades e suas consequências):
“A experiência do século XX, como mostra Piketty, é clara: pode haver reconcentração de renda e riqueza ainda que com alto crescimento. O desafio de reduzir a desigualdade exige mais que mero crescimento. Isso sempre foi verdade, mas com o avanço da tecnologia, deverá ser ainda mais verdade neste século XXI (André Lara Resende, http://oglobo.globo.com/economia/mais-pobres-são-os-mais-afetados-por-recessao-17354752#ixzz3kUiPirsT)”. Não basta crescimento econômico, temos que também fazer a redistribuição (tal como os escandinavos, que praticam um dos capitalismos mais distributivos do planeta).
5. Crise jurídica (ineficiência da Justiça – ausência do império da lei):
Quando as instituições jurídicas de controle (polícia, Justiça etc.) funcionam mal, isso incrementa a corrupção porque fica muito fácil instalar no aparelhamento do Estado um crime organizado de proporções incomensuráveis.
Quando as instituições jurídicas funcionam bem, revelam o quanto esse crime organizado se tornou poderoso e o quanto de danos geram para a população. A tarefa da Justiça é muito relevante, mas, ao mesmo tempo, ingrata: sempre nos causa preocupação (ou desconforto).
Quando funciona bem, escancara a podridão dos governos, do mundo empresarial, da sociedade, dos indivíduos. Quando funciona mal, se torna um estímulo para essa podridão. De qualquer modo, é preferível que funcione bem do que mal, porque nesse caso nos permite pelo menos refletir sobre a dimensão do problema e suas possíveis soluções.
6. Crise ética (sociedade pouco comprometida):
Do antropólogo Roberto DaMatta: “Ninguém aguenta mais assistir a uma peça na qual poucos atores honram seus papéis. Aliás, por uma questão de ética, alguns desses heróis deveriam sair do palco. Ademais, o final parece terrível: a corrupção vence a honestidade. Sérgio Buarque de Holanda escreveu: “Em terra onde todos são barões, não é possível acordo coletivo durável, a não ser por uma força exterior respeitável e temida”. Quem seria essa força exterior? Os marcianos? Os exércitos da CUT? As Forças Armadas? Uma legião de anjos do Senhor? Ora, tal força só pode ser a lei que, sendo expressão da honra de um país, não pode deixar que o roubo da coisa pública e a virtual destruição da gestão do bem comum transite de crime a ser debelado, em valor a ser premiado. O bandido não pode ser reinterpretado como mocinho e nós, batalhadores do cotidiano, não podemos abandonar o real do feijão com arroz que, sem nenhuma interpretação, tem que ser comido”(http://oglobo.globo.com/opiniao/so-existe-interpretacao-2-17375509#ixzz3kaQ3yaxL).

Como funciona nosso cérebro (sobretudo diante das crises individuais ou coletivas – v. Pedro Bermejo, Quiero tu voto, p. 31 e ss.):
1ª etapa: Negação do problema (defesa psicológica):
Sobre inflação, Dilma disse dia 28/7/14 (entrevista à Folha): “O presidente Lula pegou taxa de inflação extremamente alta, de 12,5%, do FHC. Acho que usam dois pesos e duas medidas para julgar meu governo. Ela [a inflação] não está descontrolada”, disse. “Ela está no teto da banda [o centro da meta é de 4,5%; o teto da banda, de 6,5%]. Vamos ficar nesse teto da banda.” (http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/07/1492376-dilma-nega-crise-economicaegarante-inflacao-dentro-da-meta-em-2014.shtml). Uma coisa é o desejado, outra é o desejável. Quanto mais negamos os problemas, mais adiamos a solução.
2ª etapa: Busca de culpados (negação da culpa):
Para chegar onde chegamos na crise econômica, o que falhou? “Foi a falta do reconhecimento imediato e explícito de Dilma que subestimara, sistematicamente, as dificuldades causadas pelo enorme voluntarismo da sua administração e que, por isso, iria mudar” (Delfim Netto, Folha 2/9/15: A2).
3ª etapa: Medidas desesperadas (emoção e agravamento da crise):
“A única ocasião em que alguém pode descontrolar-se é quando o faz de propósito” (Richard Nixon).
4ª etapa: Aceitação do problema (razão):
“Na vida, quando a gente comete erro a gente paga pelo erro. Temos defeitos, mas ninguém fez mais do que nós fizemos por este país” (Luiz Inácio Lula da Silva,Estadão 2/9/15: A7).
5ª etapa: Busca de soluções racionais, se possíveis (lucidez):
“Apesar de certos arroubos e de ênfases descabidas, a situação, de fato, não guarda pouca dramaticidade e é ocioso procurar saídas rápidas e aparentemente fáceis. No governo e até na oposição é difícil encontrar atores capazes de conectar o tempo da crise contingente com perspectivas efetivas de um futuro melhor, mesmo que isso seja projetado para um tempo longo. No geral, predominam retóricas unilaterais e imediatistas, sem nenhum viço, visando a defender de olhos fechados um dos lados” (Alberto Aggio, Estadão 30/8/15: A2).
Luiz Flávio Gomes - Jurista e professor.