Publicado por Léo Rosa
Boa parte dos brasileiros tem ódio de classe ao PT. Essa parcela refere os petistas como escória, petelhos e outros adjetivos, pretendendo, generalizadamente, depreciar a origem social de um grupo político, não indivíduos especificados.
Os petistas, à sua vez, generalizam os adversários com desqualificação equivalente e igualmente generalizadora. Para a lógica petista, quem não é “companheiro” é coxinha, alienado, retrocesso.
Nessa relação cada parte mais nutre ódio ao outro do que amor a si mesma. Vê-se vilania no adversário sem paixão por um herói que o renda. Algo como conhecer o que recusa sem saber o que propõe.
Isso tem um aspecto interessante: o geral de nós já não se interessava por nada. Era um “tanto faz, é tudo igual”. Agora, ao menos há uma escolha, ainda que seja uma escolha do que não se deseja para o Brasil.
As atividades da Polícia Federal e do Poder Judiciário, contudo, colaram na bandeira do PT um marca difícil de o brasileiro relevar: corrupto. A história dos governos do PT é a parte mais escandalosa da história da corrupção nacional.
Os petistas esperneiam com dois argumentos cínicos: “corrupção sempre existiu neste País”; “nós somos corruptos, mas quem não é?”. Isso é diversionismo barato, uma tentativa finória de conotar práticas corruptas como inevitáveis e generalizadas.
Companheiros mais sofisticados pretextam que o Brasil é ingovernável sem comprar uma base de apoio. Companheiros mais “jurídicos” argumentam que o antigo procurador-geral da República era um arquivador geral de denúncias.
Nem uma nem outra coisa são válidas. Essas alegações são frases de efeito. Sobre ingovernabilidade, Juscelino governou com adversários declarados. Sobre procurador-geral que não denuncia, é uma impostura nada jurídica.
O procurador-geral do “outro” governante foi substituído pelo procurador-geral indicado pelo governo petista. Se houvesse algo engavetado, era só desengavetar. E mais, se alguém souber de algo engavetado, pode fazer a devida denúncia.
Mas, nada. O PT é, mesmo, então, culpado das mazelas gerais do Brasil? Claro que não. O PT é culpado da sua culpa, e só, mas sua culpa não é pouca nem pequena. O PT criou um modo próprio de corromper.
A tradição da corrupção no nosso País é a de um corruptor privado corromper um agente público e obter vantagens, ressarcindo-se, depois, com sobrepreço ou algo que permita o retorno do investido.
Os petistas não eliminaram a tradição, mas a ela acrescentaram sua maneira própria. Inverteram o caminho da corrupção. Passaram a usar verba pública para corromper, estabelecendo uma lógica de manter o poder com dinheiro do Estado.
A corrupção tornou-se um sistema gerenciado de governo: para conseguir base, mensalão; para conseguir votos, aumento das bolsas em vésperas de eleições; para alimentar a militância, milhares de ONGs com verba de estatais.
Faliram o Estado; estamos em déficit e com inflação. Faliram a Petrobras; as notícias estão no jornais. Faliram as empresas públicas; fazem o maior projeto de privatização que o País conhece.
Interessante: os petistas abandonaram até a sua presidenta, mas não abandonam o petismo. É compreensível: algumas gerações converteram-se em eleitoras sob um discurso petista de igualdade e retidão moral. Era a salvação da Pátria.
Presidentes do PT pegaram cadeia; tesoureiros do PT pegaram cadeia; dirigentes de estatais de confiança do PT pegaram cadeia; líder do governo Dilma, PT, no Senado pegou cadeia.
Os ministros do STF que os condenaram foram em sua absoluta maioria indicados pelo PT. Não há, pois, suspeição. Ademais, os processos foram debatidos em público, a Nação os acompanhou em causa e consequência.
A ministra Cármem Lúcia arremata com razão: “primeiro se acreditou que a esperança venceu o medo; no mensalão, se viu que o cinismo venceu a esperança; e agora que o escárnio venceu o cinismo”.
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