Número é bem abaixo dos 171 votos necessários para interromper o processo na Câmara dos Deputados; PMDB deve anunciar rompimento na terça-feira.
SÃO PAULO - Nesta terça-feira (29), o PMDB deve oficializar o seu desembarque do governo Dilma Rousseff o que, na análise de diversas publicações, deve levar a um "efeito dominó" ao estimular a saída de outros partidos da base, caso de PP, PR, PTB e PSD.
Para aprovar a continuidade ou o fim da aliança com o governo petista, é necessário maioria simples dos 125 membros do PMDB que têm direito a voto. O diretório regional do Rio de Janeiro, que reúne nomes como o líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani – aliado do Planalto –, representa a maior bancada, com direito a 12 votos. Na última quinta-feira (24), os fluminenses sinalizaram que vão votar pelo desembarque do governo.
O primeiro diretório peemedebista a anunciar o apoio ao rompimento com o governo foi o de Santa Catarina, segundo o deputado federal Mauro Mariani (SC), que ocupa uma das cadeiras da comissão especial que analisa o impeachment da presidenta Dilma. Além dos diretórios do Rio e de Santa Catarina, peemedebistas do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Espírito Santo, Piauí, Distrito Federal, Acre, Pernambuco, Tocantins, Maranhão, Bahia e Mato Grosso do Sul defendem a ruptura com o Planalto. Outros estados ainda não se manifestaram.
Assim, o Palácio do Planalto começa a semana tentando fazer o último movimento para evitar o impeachment. De acordo com o blog de Gerson Camarotti, do G1, a contabilidade realista feita pela coordenação política do governo acendeu o alerta de que o o Planalto hoje conta com cerca de 130 votos seguros para barrar o impeachment – número muito distante do mínimo de 171 votos necessários na Câmara dos Deputados. São votos vistos como certos neste momento contra o impedimento os de PT, PC do B e PDT. Há ainda votos isolados em alguns partidos da base. Embora de oposição, o PSOL, partido de esquerda, também deve ficar contra o impeachment, diz Camarotti. Portanto, a ordem é partir para negociações individuais, com a redistribuição de cargos para deputados.
Segundo Camarotti, o governo reconhece que será muito difícil sobreviver, mas avalia que é preciso tentar barrar de todo jeito o impeachment na Câmara.
Vale destacar que, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o PMDB já trabalha em um plano que inclui um amplo corte de políticas sociais para o caso da presidente sofrer impeachment e o partido formar um novo governo liderado pelo atual vice-presidente, Michel Temer. A legenda avalia possíveis mudanças em benefícios, incluindo o programa de habitação Minha Casa Minha Vida, em uma aposta no corte de gastos para restabelecer o equilíbrio fiscal, segundo a reportagem.
“Avaliamos medidas da área social que possam beneficiar a população, combater a pobreza e, ao mesmo tempo, manter o equilíbrio fiscal e a saúde das contas públicas: são medidas que já foram usadas no Brasil, que são adotadas em vários países”, disse Moreira Franco, ex-ministro do governo Dilma nas pastas de Assuntos Estratégicos e da Aviação Civil. Segundo ele, que é próximo ao vice-presidente Michel Temer, já há consenso que é preciso rever subsídios, como o uso do FGTS a fundo perdido para financiar o Minha Casa, Minha Vida. “Isso precisa ser enfrentado antes que vire um grande problema: estão levando o uso do FGTS ao limite”.
A reportagem afirma que também será revista a concessão de subsídios empresariais e setoriais, que passariam a ter metas de desempenho e prazos pré-definidos. Ainda de acordo com o jornal, estariam cotados para o Ministério da Fazenda em um eventual governo do PMDB o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles e o economista Armínio Fraga.
Fonte: InfoMoney
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