Ainda faltam 24 dias para 2011 terminar, mas o período já tem garantido o selo de o Ano da Corrupção no Brasil ou o Ano da Corrupção Brasileira. E as pessoas não devem se iludir. As últimas semanas podem ser surpreendentes, se é que a população ainda consegue ficar boquiaberta com episódios de autoridades envolvidas em escândalos.
Dessa vez longe da esfera política e dos escritórios de Brasília - embora seja difícil não estar conectado à capital federal -, a semana começou com o anúncio da renúncia ao cargo do Comitê Olímpico Internacional (COI) do quase centenário João Havelange. A decisão foi tomada antes de possíveis sanções da entidade olímpica contra ele, por ser investigado em suposto recebimento um milhão de dólares em propina da ISL, empresa de marketing que foi parceira da Fifa na década de 90. Havelange ainda é presidente de honra da Fifa, cargo que também poderá perder nos próximos dias.
A renúncia aconteceu cinco dias antes de o Comitê de Ética do COI passar ao Comitê Executivo o relatório sobre o caso. E a possibilidade de o antigo mandatário ser suspenso ou expulso era considerada grande. Ao deixar o cargo ele fica isento de punição, mas entra para a história como aquele que renunciou para não ser “condenado”.
Entretanto, mais problemas vêm por aí. A situação para ele e seu genro, o poderoso Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), não é nada simples e tende a se agravar. No dia 17 o atual presidente da Fifa, Joseph Blatter, iria revelar documentos do caso ISL, com possibilidade de expulsões, já adiantou. Liminar obtida por uma das pessoas que seriam denunciadas, entretanto, impediu a divulgação.
Teixeira está em rota de colisão com o número um da Fifa por disputas políticas pelo cargo, mas poderá ver seu nome jogado na lama e também envolvido em denúncia de corrupção. Para Havelange, o episódio pode agora custar seu mandato vitalício na entidade.
Ricardo Teixeira passou a ser o alvo de 2011. Parece estar cada vez mais isolado em um mundo que não pode controlar por inteiro. Mundo esse nas mãos de europeus. Por aqui, no Brasil, onde reina nas últimas décadas, ainda tem força, mas pode estar com os dias contados. A questão é saber o que irá acontecer se for deixado de lado por todos, afinal, sua teia política para costurar o trono sempre teve inúmeros colaboradores. E esses, o que farão na hora em que o chefe se afastar? E o pior - nesse caso, o melhor para o Brasil: o presidente da CBF afundaria sozinho ou acompanhado?
Os próximos dias, por isso, poderão revelar mais um capítulo indigesto dessa novela sem fim chamada corrupção brasileira, um mal estabelecido profundamente nos círculos do poder que deve revoltar a todos. Se eles torcem para que 2011 termine logo, para nós o ideal é que o ano tivesse 24 meses. Teríamos mais tempo para uma faxina geral.
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