terça-feira, março 13, 2012

SALÁRIOS E CORRUPÇÃO



Rogério Teixeira Brodbeck/Jornalista, advogado e coronel da reserva da Brigada Militar 
- Jornal da Lei, Jornal do Comércio, 13/03/2012, Gazeta do Sul, 29/04/2011.
Acho que nunca se viu, leu ou ouviu falar-se em corrupção, com todas as suas moda-
lidades, como nesses últimos tempos no País. Liderado pelo “mensalão”, tivemos
figuras impagáveis nesse setor, sendo o do “dólar na cueca” emblemático, para 
dizer o menos. Seguem-se editais de licitações viciados, nepotismos para inglês
ver, lavagens de dinheiro, laranjas, bergamotas, comissões, sobras de campanha. 
Perto de tudo isso, o famoso “do cafezinho” ou “da cervejinha” é, com o perdão
do infame trocadilho, café pequeno.
A velha “mordida” evoluiu, ganhou ares professorais, subiu de tom, aventurou-se a
voos maiores. Mas, como dizia o interlocutor ao cara aquele que dizia que tinha um 
“fuca” embandeirado (tala larga, toca-fitas, surdina Kadron, volante esportivo, 
palanca de bola): “mas ainda é fuca, meu...”.  Ou seja, mordida é mordida,
independe do valor, do mordedor, de quem corrompe. E ponto.
E sobre isso tenho ouvido dos que bravamente clamam por melhores salários aos 
policiais, professores e outros semimiseráveis menos votados que tal melhoria 
viria a combater a corrupção. Segundo esses, tais categorias de servidores, das
chamadas carreiras de Estado (cuja maioria esmagadora já ganha muito bem,
obrigado, notadamente as de outros poderes e/ou nível como os federais, 
por exemplo) o fato de ganhar salário correto diminuiria os eventuais desvios de 
conduta. Ledo engano. A repulsa à corrupção depende muito mais da formação
familiar, educacional do servidor do que o salário que recebe. Claro que 
quando a fome ou a saúde dos barrigudinhos em casa piorar ou apertar, nunca se 
saberá a reação do provedor. Todavia, se for uma pessoa de bom caráter e de boa 
origem (não significa necessariamente rico, tem muito milionário ladrão ou corrupto
por aí e a maioria dos humildes, pobres mesmo, é de pessoas honestas) não se 
haverá desvios de conduta.
Logo o ganhar bem não é, pois garantia de probidade; os casos antes citados do
mensalão, cuecas, mais os que vimos esses tempos de altos servidores da PRF/RJ
presos por corrupção, por exemplo, atestam bem isso. Nada disso, porém, 
invalida a postulação por melhores salários que, além de necessários, são justos
e devem ser pagos. Porque representam a retribuição do Estado a carreiras típicas,
imprescindíveis, pois, à segurança e à educação, casos dos policiais e dos membros
do magistério, apenas para citar dois dos mais ilustres primos pobres que 
figuram nessa galeria, esses servidores precisam ter a segurança econômica 
assegurada porque lidam com a vida, com a saúde e com os filhos dos cidadãos e 
sua evolução educacional.
Salário digno é isso, a contrapartida do Estado a quem, por, ele, Estado, se dedica
e que deve, por isso mesmo, deixar de ser vizinho da marginalidade, .....
entre outros aspectos.

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