JORNAL DO COMÉRCIO, 20/06/2012
Ricardo Giuliani, Doutor em Direito e escritor
Olha só como a vida pode parecer uma novela. Tenho um amigo que diz que em política nada é feito sem prévias intenções. Todos os fatos da política, por uma ou por outra, sempre têm alguém por detrás do próprio fato. Dizendo de outro jeito: em política não existe criança sem pai. Mas não
Ricardo Giuliani, Doutor em Direito e escritor
Olha só como a vida pode parecer uma novela. Tenho um amigo que diz que em política nada é feito sem prévias intenções. Todos os fatos da política, por uma ou por outra, sempre têm alguém por detrás do próprio fato. Dizendo de outro jeito: em política não existe criança sem pai. Mas não
é que o Gilmar Mendes, um dos juízes do mensalão, foi ter uma com o Lula, regado a cafezinho
do Jobim. Pois é? Qual o resultado político da efeméride? Pronto, nem bem se passaram duas semanas e o julgamento está aprazado. Vejam só a coincidência. Pois é! O ministro Marco Aurélio disse que as reclamações postas nos jornais não passam de “Ius Esperneantis”. Engraçado o
outro juiz da causa, não lhes parece? Se a moda pega, estamos ferrados. Ele até pode achar
isso, mas como juiz bem que poderia ficar quietinho no seu canto e bem abraçadinho com a Lei Orgânica da Magistratura, que para eles, ministros do STF, também vale.
O ingênuo ministro Gilmar Mendes, juiz da causa, foi-se ao Lula. Certamente não se encontraram para beber poá (cachaça de pera, a preferida de Ulisses Guimarães) ou para jogar truco de carancho. Não foi lá e conversou o que ninguém sabe que conversou. Esperou 30 dias e, “apavorado”, contou tudinho para a titia Veja e, depois de tudo, chamou uma coletiva de imprensa dizendo-se pressionado pelo Lula para “melar” o julgamento e colocou-se diante da Nação como
O ingênuo ministro Gilmar Mendes, juiz da causa, foi-se ao Lula. Certamente não se encontraram para beber poá (cachaça de pera, a preferida de Ulisses Guimarães) ou para jogar truco de carancho. Não foi lá e conversou o que ninguém sabe que conversou. Esperou 30 dias e, “apavorado”, contou tudinho para a titia Veja e, depois de tudo, chamou uma coletiva de imprensa dizendo-se pressionado pelo Lula para “melar” o julgamento e colocou-se diante da Nação como
um juiz da causa que vai para um escritório de advocacia falar com alguém que aos quatro ventos afirma que quer adiar o julgamento e dizer-se horrorizado.
Pimba! Gol do Bangu. Antes das eleições teremos o julgamento dos mensaleiros. Gol do PSDB.
Pimba! Gol do Bangu. Antes das eleições teremos o julgamento dos mensaleiros. Gol do PSDB.
Ah! do PSDB? Claro. Gilmar foi advogado-geral da União na gestão do PSDB, foi guindado a ministro do STF pelo PSDB. Durante um julgamento de interesse do PSDB foi flagrado
conversando com o então candidato José Serra. Agora imaginem comigo: e se o STF não julga antes das eleições? Como ficam os seus ministros diante da opinião pública? Teriam caído no
conto do Lula ou no conto do Gilmar? Pois é, em política todo o pai tem criança. Vejam o filhinho
do Gilmar nascendo aí. Passei-me no trocadilho, mas serve!
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