terça-feira, julho 24, 2012


O QUARTO DO MUNDO EM RECURSOS ESCONDIDOS

FOLHA.COM 22/07/2012

Brasil é o 4º país do mundo em recursos escondidos em paraísos fiscais

DA BBC BRASIL

Em um momento em que muitas das principais economias do mundo enfrentam duras 
medidas de austeridade, um estudo mostra que alguns poucos cidadãos continuam se 
dando ao luxo de manter suas fortunas intactas, longe das garras afiadas das 
autoridades tributárias.

A elite global super-rica somou pelo menos US$ 21 trilhões escondidos em paraísos 
fiscais até o final de 2010, segundo o estudo The Price of Offshore Revisited, escrito 
por James Henry, ex-economista-chefe da consultoria McKinsey, e encomendado pela
Tax Justice Network.

A valor é equivalente ao tamanho das economias dos Estados Unidos e Japão juntas.

Segundo Henry,o valor é conservador e poderia chegar a US$ 32 trilhões.

O estudo também lista os 20 países onde há maior remessa de recursos para contas em 
paraísos fiscais. No topo da lista está a China, com US$ 1,1 trilhão, seguida por Rússia, 
com US$ 798 bilhões, Coréia do Sil, com US$ 798 bilhões, e Brasil, com US$ 520 bilhões
(ou mais de US$ 1 trilhão).

PERDAS ENORMES

James Henry usou dados do Banco de Compensações Internacionais, do Fundo 
Monetário Internacional, do Banco Mundial e de governos nacionais.

Seu estudo trata apenas de riqueza financeira depositada em contas bancárias e de 
investimento, e não de outros bens, como imóveis e iates.

O relatório surge em meio à crescente preocupação pública e política sobre fraude e 
evasão fiscal. Algumas autoridades, inclusive na Alemanha, têm até pago para obter 
informações sobre supostos sonegadores de impostos.

Henry disse que o movimento de dinheiro dos super-ricos em todo o mundo é feito por
"facilitadores profissionais nas áreas de private banking e nas indústrias de 
contabilidade, jurídica e de investimento".

"As receitas fiscais perdidas são enormes. Grandes o suficiente para fazer uma 
diferença significativa nas finanças de muitos países".

"Por outro lado, esse estudo é realmente uma boa notícia. O mundo acaba localizado
a uma pilha enorme de riqueza financeira que pode ser chamada a contribuir para a 
solução dos nossos mais prementes problemas mundiais", disse ele.

ESCOLHA POLÍTICA

John Christensen, diretor da Tax Justice Network, afirmou à BBC Brasil que as elites 
de países que hoje enfretam crises, mais especificamente a Grécia, têm uma longa 
tradição de envio de recursos para paraísos fiscais.

Segundo ele, os tributos que poderiam ser recolhidos sobre o dinheiro em paraísos 
fiscais seria "mais do que suficiente para manter os serviços públicos e erradicar a 
pobreza nestes países"

"Eu e outros economistas vimos dizendo que austeridade é uma questão de escolha. 
Há muitos anos, os governos sabem que há recursos em paraísos fiscais. Nós apenas
quantificamos isso. Mas muitos governantes optam por não taxar estes recursos. 
Até porque eles próprios estão entre os que remetem para os paraísos fiscais".

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