Para fugir das vaias e evitar novo vexame internacional, Dilma não discursará no Itaquerão. Vitória de quem não concorda com a Copa mais cara de todos os tempos. Em busca da reeleição, a presidente quebrará o protocolo da Fifa…
O arcebispo Desmond Tutu não só discursou, dançou.
O ganhador do Prêmio Nobel da Paz foi aplaudido de pé.
Ele e Nelson Mandela foram importantíssimos na luta contra o racismo.
Juntos lutaram contra o regime de aparthaid, de segregação racial.
São personagens que orgulham a África do Sul e o mundo todo.
As palavras de Tutu foram simples, diretas.
Sua alegria deu o tom de quem acompanhou aquele Mundial.
Mandela não falou porque já não tinha condições médicas.
O discurso dos comandantes do país na abertura da Copa é tradicional.
Horst Köhler, chefe do governo alemão, falou em 2006.
O coreano Kim Dae-jung e o japonês Junichiro Koizumi em 2002.
E por aí vai...
Mas no Brasil não será assim.
A tradição será quebrada.
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, revelou hoje.
Não haverá discursos no Itaquerão, na abertura do Mundial.
"Vamos fazer a cerimônia de uma maneira que não aconteçam discursos."
Blatter não poderia ter tomado essa decisão sozinho.
Não tomou.
Ela partiu do Palácio do Planalto.
E tem origem a certeza de vaias para Dilma Rousseff.
Seria ela quem falaria no Itaquerão.
Só que a presidente é candidata à reeleição.
Está em plena campanha.
E sabe que sua popularidade caiu demais.
Ela já esteve em 77% pontos em 2012.
Mas despencou.
Por vários fatores: alta dos preços, violência, saúde...
A Copa do Mundo mais cara de todos os tempos também.
As manifestações na Copa das Confederações estão frescas.
O governo não gastará mais de R$ 1,9 bilhão por segurança à toa.
Mas o que incomodou Dilma foram as inesquecíveis vaias em Brasília.
Transmitidas para todo o mundo.
Mostraram um governante rejeitado.
Foi tão desmoralizante, que a presidente quebrou o protocolo.
Não atendeu o pedido de Blatter.
O dirigente da Fifa esperava a redenção no Maracanã.
Na final entre Brasil e Espanha.
Principalmente se a Seleção de Felipão vencesse.
Seria Dilma que daria a taça a Thiago Silva.
Mas a presidente não quis saber de ir para o Rio.
O que havia passado em Brasília a traumatizou.
A Fifa acreditou que tudo já teria passado.
Só que a rejeição à Copa continua.
Ainda mais em junho quando a campanha eleitoral terá esquentado.
"De tudo o que foi prometido em termos de infraestrutura para a Copa, 23% de obras ficaram no meio do caminho, por incompetência do governo federal."
As palavras são de Aécio Neves, provável candidato da oposição à Dilma.
O Estado de São Paulo é dominado pelo PSDB.
A capital pelo PT.
Mas a rejeição ao atual prefeito é enorme.
Sua aprovação é de apenas 18%.
Ou seja, a mesma do ex-prefeito falecido Celso Pitta.
Dilma Rousseff e seus assessores têm certeza.
Se ela ousasse tentar falar no Itaquerão seria muito vaiada.
Por isso a determinação já chegou à Fifa.
Ela não irá discursar na abertura do Mundial.
Blatter também não comprará a briga.
Ele também foi vaiado em Brasília.
Como só havia sido em 2002, ao repartir o Mundial.
O silêncio de Dilma e de Blatter é uma vitória dos manifestantes.
Daqueles que se revoltaram contra a Copa mais cara de todos os tempos.
A quebra de protocolo na abertura da Copa foi exigência do atual governo.
A presidente não quis passar por novo constrangimento transmitido para o mundo.
Assessores recomendam a ela que espere pelo final da Copa.
Se o Brasil estiver na final, talvez valha a pena ir para o Maracanã.
E, se vier o hexa, entregar a taça.
Mas tudo dependerá das manifestações durante o Mundial.
Se houver confrontos violentos, a presidente não aparecerá nem na decisão.
O que será outra quebra de protocolo.
Mas Blatter não irá reclamar.
Sabe muito bem o que está acontecendo no Brasil.
Por isso aceitou tão rapidamente mudar a cerimônia de abertura.
Chega de vaias, reclamações da população brasileira.
Elas ficarão para fora do Itaquerão, estádio de mais de R$ 1 bilhão.
Onde as câmeras da Fifa não as mostrarão para o mundo.
Para evitar maior constrangimento, Dilma e Blatter já sabem.
Se calarão no dia 12 de junho de 2014.
Sabem o que fazem...
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